José apresenta seu Filho ao seu Pai

Ir. M. Nilza P. da Silva – Nesse dia em que celebramos a apresentação de Jesus no Tempo, coloquemo-nos mais uma vez ao lado de São José, ou melhor, em seu lugar, para nos aprofundarmos na grandeza desse Santo, filho tão amado de Deus e sua imagem viva para Jesus e Maria.

Pe. Kentenich diz: “Sempre me sobrevêm uma silenciosa admiração quando, já desde as primeiras páginas do Novo Testamento, o evangelista São Mateus nos relata com toda a naturalidade e singeleza como vivia São José, cumprindo a vontade divina.” 

[1] É cumprindo essa vontade que José sobe com sua esposa para apresentar o Menino no Templo.

José cumpre seu dever de pai: apresentar o primogênito ao Senhor!

São João Paulo II explica que a apresentação do primogênito ao Senhor é um “dever do pai e é cumprido por José. No primogênito estava representado o povo da Aliança, resgatado da escravidão para passar a pertencer a Deus.” [2] Por isso, “no Templo, quarenta dias depois do nascimento, José – juntamente com a mãe – ofereceu o Menino ao Senhor e ouviu, surpreendido, a profecia que Simeão fez a respeito de Jesus e Maria” [3], escreve o Papa Francisco.

Mas, José não está sozinho, no momento da oferenda, Maria está com ele, pois ela também tinha que ir ao templo para purificar-se e une-se a José na apresentação de seu Filho. Pe. Kentenich reza: “Volvendo a nós teu olhar de Mãe, o devolves irrestritamente ao Pai. Como tu, Servidora da oferenda, entrego o mais caro pelas almas.” [4]

A espada de dor de Maria atinge o coração de José

Ao que tudo indica, grande parte do evangelho de Lucas é escrito segundo a descrição feita a ele por Maria. Lucas descreve: “Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: ‘Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma.” (Lc 2, 30-35) E conclui ainda: “Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam.”

Podemos de fato imaginar o quanto tudo isso tocou fundo a alma de José, como essas palavras foram uma espada que ferira a sua alma, já naquele momento, pois ele recebera de Deus a missão de ser o guardião, o protetor, de Jesus e Maria. Como Maria, ele guardou e meditou isso em seu coração. “José é o pai: a sua paternidade não é só ‘aparente’, ou apenas ‘substitutiva’; mas está dotada plenamente da autenticidade da paternidade humana, da autenticidade da missão paterna na família.” [5]

Vinculados a José, como Maria

Quando “voltaram para a Galileia, à sua cidade de Nazaré”, certamente José tenha encorajado Maria a ficar tranquila, pois ele prometera a Deus e iria cuidar dela e de Jesus. Maria confiou em José e a vida seguiu na alegria do amor e na força da fé. A Sagrada Família é “uma verdadeira família humana, formada pelo mistério divino.” [6] Por isso, “se os esposos estiverem vinculados à Mãe de Deus, estarão também, reflexiva e instintivamente, vinculados à sua atitude, isto é, ao seu modo de viver em relação a São José e a Deus Trino.” [7] Confiemos que ele cuida também de cada um de nós.

Referências

[1] Em Santidade da vida diária

[2] Exortação Apostólica Redemptoris Custos, 13

[3] Carta Apostólica Patris Corde

[4] Pe. Kentenich, Rumo ao Céu, 344

[5] Exortação Apostólica Redemptoris Custos, 21

[6] Idem

[7] José Kentenich, homilia em 19 de março de 1966