Hoje celebramos o Dia de Ação de Graças, celebrado especialmente nos Estados Unidos, no Canadá e em algumas ilhas do Caribe como momento solene de gratidão a Deus. Embora não seja uma tradição tipicamente brasileira, essa celebração ecoa profundamente em nossa fé, pois agradecer sempre foi linguagem universal das almas que reconhecem a presença amorosa de Deus no cotidiano.
A gratidão nasce do olhar que sabe ver. Agradecer é reconhecer que nada em nossa vida é puro acaso. É admitir, com humildade e encanto, que tudo o que recebemos — desde o ar que respiramos até os dons que moldam nossa história — chega a nós pelas mãos generosas do Criador.
A Igreja, com sua sabedoria milenar, coloca o agradecimento no centro de sua oração. Basta recordar as palavras da Liturgia: “É justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-Vos graças, sempre e em todo o lugar”. Cada Missa é, antes de tudo, um ato de Ação de Graças, um encontro no qual toda a Criação é oferecida ao Pai por meio de Cristo, sob a voz e os gestos do sacerdote.
O salmista repete incansavelmente o louvor que ergue a alma:
“Como é bom agradecermos ao Senhor” (Sl,91), “Minha boca anunciará todos os dias vossa justiça” (Sl 70,71) , “Dai graças ao Senhor, gritai Seu nome” (Sl 104,105).
E nós? Temos algo pelo que agradecer?
A resposta é sempre sim! Mesmo quando surgem as dificuldades, precisamos voltar os nossos olhos a tudo o que temos: o trabalho, o alimento na mesa, a família, a saúde … sempre temos um motivo pelo qual podemos agradecer. Assim como nos recorda o Salmista, porque mesmo nas noites mais escuras, permanece verdadeira a promessa: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Sl 30,5)
Agradecer é permitir que a esperança respire
Para nós, católicos, a maior atitude de ação de graças nasce diante do altar, quando recebemos Jesus na Eucaristia. Não há dom maior. Unir-se a Ele é acolher o próprio Deus que desce até nós, que se faz alimento para o caminho, força para as lutas, ternura para as dores. Por isso, após a Comunhão, alguns minutos de silêncio e entrega valem mais que mil palavras: o coração dizendo “obrigado” à maneira dos santos. São João Paulo II descreveu com beleza incomparável: “A Missa é o céu na terra.” E diante do céu que se abre, não existe atitude mais humana e mais divina do que agradecer.
O Venerável João Luiz Pozzobon compreendeu essa verdade com toda a sua vida. Ele dizia: “Uma semana espiritual de comunhões e Missa, orações e sacrifícios (…) tudo o que fizer de bom o entrego ao Tesouro de Graças.”[1] Por isso levantava-se às cinco da manhã e caminhava ao Santuário, oferecendo o melhor de si, dia após dia, em gratidão e fidelidade.
O Pe. José Kentenich nos ensina sobre a entrega totalmente a Deus:
“Tu nos salvaste de grandes aflições, a ti nos uniste com fiel amor: eu te agradeço, eternamente quero dar-te graças e, em amor, a ti me consagrar inteiramente. Amém.” (Rumo amo Céu, 560)
Hoje, portanto, celebramos a essência da fé: a certeza de que Deus caminha conosco, sustenta nossas lutas, ilumina nossos caminhos e nos envolve com seu amor. Por isso, ao receber a visita da Mãe Peregrina em sua casa neste dia, lembre-se de fazer uma prece de gratidão…
Ref:.
[1] URIBURU, Esteban J. Herói hoje, não amanhã. Santa Maria: Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt, 1994.





