Uma missão de esperança, comunhão e oração
Juliana Dorigo – Estamos no tempo da Quaresma, são quarenta dias que se abrem diante de nós como um vasto deserto a ser atravessado em uma caminhada de conversão. É tempo de silenciarmos o nosso coração, de desapegar-se do supérfluo e voltar-se ao essencial. Tempo de olhar para dentro e perguntar: o que Deus espera de mim?
Nesta estrada quaresmal, a Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt sempre foi uma companheira fiel. Como Maria saiu apressadamente ao encontro de Isabel, também a Mãe e Rainha visita os lares, levando consigo o Menino Jesus, conduzindo corações de volta à Casa do Pai. Seu desejo é simples e profundo: formar uma igreja doméstica, onde a oração une, fortalece e transforma.
A oração do terço: o caminho da conversão
No ritmo das contas do terço, a vida encontra seu compasso. Desde o princípio, João Pozzobon levou a importância da oração do terço e rezar juntos. Ele costumava se reunir com as famílias para este momento de oração. Um simples “sim” que gera frutos de fé até os dias de hoje.
“Dez de setembro de 1950. No correr deste dia de retiro, do qual participam uns cem homens, benzem-se duas imagens de Nossa Senhora de Schoenstatt, no Santuário. João Pozzobon fora até sua casa por uns instantes. Ao voltar, do Santuário vinham saindo, com uma das imagens, a Irmã Teresinha, outra Irmã de Maria e um grupo de jovens. A Irmã Teresinha convida seu João ‘Vamos até ali rezar o primeiro Rosário em família’. Iam à casa do seu Laudelino Viegas, pai do Padre Osvaldo Viegas. Seu João aceitou o convite e rezou o Terço nesta família. Depois, a irmã lhe disse: ‘Esta imagem fica ao seu cuidado. Não é preciso que reze o Terço todas as noites. Deverá cuidar apenas que ela seja levada de casa em casa’. Quem poderia ter imaginado o que então nascia?”
Quantas famílias, ao acolherem a Mãe Peregrina, redescobriram a beleza da oração! Crianças que aprenderam a falar com Deus, pais que reencontraram a paz, idosos que sentiram o consolo da presença divina e doentes que encontraram a esperança.
Ao levar a “Peregrina” às famílias, ao dialogar com os mais pobres, ao partilhar com eles tudo o que podia, seu João lhes transmitiu seu amor fraterno, seus cuidados de pai e de amigos. Ajudou-os a dar-se conta da sua dignidade de filhos de Deus, da riqueza de serem filhos da Virgem Maria, da grandeza do seu destino eterno de glória. A quantos aproximou da reconciliação durante os longos anos da “Campanha”!
Na Quaresma, o terço rezado em família torna-se um ato de amor e sacrifício. Diante da correria do dia a dia, parar por alguns minutos para rezar juntos é um exercício de renúncia. Mas não há renúncia sem graça. Cada Ave-Maria é um passo na estrada que nos leva à Páscoa!
Um chamado à comunhão
A Campanha da Mãe Peregrina é missionária em sua essência. João Pozzobon sempre dizia que o seu profundo desejo era salvar às famílias. E assim ele levava às famílias para Deus, ao encontro da Igreja, para os sacramentos.
Quantos, tocados pela presença de Maria em seus lares, buscaram a reconciliação? Quantos se aproximaram da Santa Missa, da Eucaristia, do Batismo e do Matrimônio?
O “Pobre Diácono” dizia: “Pus-me a andar pelas famílias, preparando batizados, casamentos. Ao voltar para casa, uma semana mais tarde, a primeira coisa que fiz foi escrever uma carta ao Sr. Bispo, dando-lhe conta do que tinha feito durante a última semana. Ele me respondeu que estava bem assim.”
Na Quaresma, esse chamado ressoa ainda mais forte. Voltar para Deus é voltar para a Igreja! É renovar a fé na comunidade, é participar da Via-Sacra, da Adoração ao Santíssimo, das celebrações penitenciais, receber o sacramento da confissão e pedir perdão pelos pecados. Como discípulos, não podemos caminhar sozinhos – caminhamos juntos, sustentados pela graça que brota da vida comunitária.
A Oração que se torna vida
A conversão quaresmal não se limita às palavras, mas se traduz em gestos concretos. A Campanha da Mãe Peregrina nos ensina que a fé se fortalece na entrega, no serviço, no amor que se doa.
O jejum não é apenas privar-se de algo, mas abrir espaço para Deus e para o outro. Que tal fazer um jejum do excesso de tempo nas redes sociais e dedicar mais momentos para a família? Ou então, renunciar a pequenos confortos para ajudar aqueles que mais precisam?
E a esmola, a caridade? Maria nos ensina que amor é serviço. A Campanha da Mãe Peregrina é um convite para olhar ao redor e perguntar: quem precisa de mim? Um vizinho solitário, um amigo que precisa de uma palavra de esperança, um irmão que sofre?
Quando rezamos, jejuamos e amamos, nossa Quaresma se torna caminho de luz.
Rumo à Páscoa: a caminhada continua
Assim como Jesus caminhou para Jerusalém, também nós seguimos para a grande celebração da Ressurreição. A Campanha da Mãe Peregrina nos convida a fazer dessa jornada um tempo de graça, reconciliação e renovação da fé.
Que possamos chegar à Páscoa com o coração transformado, com nossas famílias fortalecidas na oração, com nossas comunidades mais vivas e acolhedoras.
E que, como João Pozzobon, possamos levar a Mãe Peregrina aos corações que ainda esperam pela presença de Deus. Pois, somos missionários de esperança!
Referência:
URIBURU, Esteban J. 140.000 km a caminho com a Virgem. Santa Maria: Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt,