A fonte de graças que irrompeu no dia 18.10.1914, quer inundar milhares de corações. A partir do Santuário Original, em Schoenstatt, uma rede mundial de Santuários: duzentos Santuários filiais, 23 em nosso Brasil, milhões de Santuários-lares, 140.000 Imagens Peregrinas abraçam o mundo. Mas, existe uma outra realidade: a Mãe Três Vezes Admirável pode se estabelecer também em nosso coração e transformá-lo em seu Santuário.

Meu coração, um Santuário!

Nosso coração é morada do Deus Trino. Pela graça do batismo fomos introduzidos na vida divina, tornamo-nos filhos de Deus: “Vede que prova de amor nos deu o Pai: que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos.” (1Jo 3,1) São Paulo faz referência à habitação de Deus em nossa alma: ‘Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?’ (1 Cor 3,16). “Qual será então a nossa tarefa, se Deus está assim conosco, constantemente em nós?” questiona o Pe. Kentenich. “Estar junto dele, com Ele de todo o coração! Praticar o relacionamento de amor com o Deus vivo que habita em nós! Um relacionamento filial.” (Pe. Kentenich, Meu coração, teu Santuário)

Ele é Pai e somos seus filhos. É tão importante cultivar um contato pessoal com Deus, nosso Pai, que vive em nós, pois sabemos “muito bem que só Ele satisfaz os desejos mais profundos do coração humano, o qual nunca se sacia plenamente só com os bens terrestres.” (Gaudim et Spes,41) As coisas materiais não nos oferecem plena felicidade. Santo Agostinho nos diz tão belamente, em seu livro Confissões: “Inquieto está o meu coração, enquanto não repousar em ti, ó meu Deus”.

Trazemos tanta intranquilidade, ansiedade, preocupações em nosso coração. Na realidade, muitas vezes confundimos alegria com prazer, que extasia os sentimentos por breves momentos, mas depois deixam o coração na insatisfação e até mesmo na amargura. Certa tranquilidade só será possível quando conseguirmos uma vida de maior intimidade com o bom Deus no Santuário de nosso coração. Somente nele temos a alegria que ‘ninguém pode tirar’ (Cf. Jo 16, 22) (João Paulo II, sobre o Espírito Santo na vida da Igreja e do mundo, 67) .

Pe. Kentenich diz: “Se nós homens modernos descobríssemos novamente a Deus em nós, estaríamos sempre calmos, tranquilos e abrigados.” (Meu coração, teu Santuário, p.94) E esta descoberta é de profunda importância… Também é saúde para o corpo.

Deixe o bom Deus entrar no seu coração!

Como isso pode acontecer? Pela recepção dos sacramentos. “A Eucaristia, mistério de luz! Jesus designou-se a si mesmo como «luz do mundo» (Jo 8,12 )… Precisamente através deste sacramento Cristo torna-se mistério de luz.” (João Paulo II, Ano da Eucaristia, outubro de 2004). Mediante a Eucaristia somos introduzidos nas profundezas da vida divina. Nosso coração torna-se pleno de luz ao receber Jesus. É Ele e nele que recebemos forças para vencer as dificuldades, consolo no sofrimento, clareza do caminho a seguir na vida, com alegria e contentamento com aquilo que Ele nos dá. Por isso, é tão importante a Santa Missa. Ali meu Santuário-coração é alimentado pela Palavra de Deus e enriquecido com a sagrada Eucaristia.

Que lugar o domingo ocupa em nossa vida? O domingo, dia do Senhor, dia de luz, poderia também chamar-se dia do fogo, pois a luz de Cristo liga-se intimamente com o Espírito Santo. O domingo é também o dia da fé. Contemplamos nos “sinais sagrados”, o Corpo de Jesus e confessamos com o Apóstolo Tomé: “Meu Senhor e meu Deus.” (Jo 20,28). Por tudo isso, o domingo é um dia irrenunciável. (Cf João Paulo II, Carta Apostólica, Dies Domini, 27-30).

Qual das nossas famílias não necessita de luz, de fé? Meu Santuário-coração pode se tornar fonte de luz, que abriga os filhos, aceita-os assim como são, torna-se capaz de acolher o cônjuge com seus defeitos e “manias”. É Jesus, no meu Santuário-coração, que os acolhe, porque nós, não somos capazes de amar como gostaríamos, de fazer o bem como deveríamos. Mesmo com nossos defeitos, seremos luz para nossa família, para aqueles que entram em contato conosco.

Esta é uma condição, acompanhada pela recepção do sacramento da confissão, que me faz olhar para o meu Santuário-coração, arrepender-me dos meus pecados e faltas e assim manter acesa a chama da vida divina em mim. Também a vida de oração é uma condição para contemplar o bom Deus, falar com Ele, atraí-lo para o nosso Santuário-coração.

Tudo depende do coração…

Outra condição para que o bom Deus esteja sempre presente em nosso coração é ordenar o nosso coração. “Na verdade, os desequilíbrios de que sofre o mundo contemporâneo estão ligados com um desequilíbrio mais fundamental, que se enraíza no coração do homem.” (GS, 10). Quantas vezes nos deixamos levar pelo instintivo, quanta falta de domínio existe em nós: falamos o que não devemos, reagimos de forma pouco nobre, respondemos indelicadamente ou nos deixamos levar pela gula, pelo egoísmo. É o que S. Paulo diz “Não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero” (Rom 7, 15). À medida que nos esforçarmos para ordenar o coração, o ‘desequilíbrio familiar’ também entra num processo e alcança maior harmonia.

Estímulos para viver na permanente presença de Deus:

  1. Celebrar a Eucaristia, nossos dias serão plenos de luz.
  2. Rezar de vez em quando a oração: “Deus Trino. No Santuário de nossa alma rendemos-te graças, honra e glória; ali jamais te deixaremos a sós, queremos estar sempre contigo.” (Pe. Kentenich, Rumo ao Céu, 78).

Assim nos conscientizamos da presença do bom Deus em nosso coração.