(Foto: Arquivo Secretariado)
Vivemos um período conturbado e confuso em nossa história. Diante de tantos desafios, muitas pessoas pensam que nada se pode mudar e por isso se acomodam.
Justamente nesta situação, que parece não ter solução, tão confusa, tão sombria, Jesus nos dá uma grande missão, chamando-nos, como cristãos leigos, a nos tornar sal e luz.
No Evangelho, Jesus se utiliza de algo muito importante do cotidiano para se dirigir aos seus discípulos: o sal. Ele era um elemento caro, precioso, usado no comércio, mas também utilizado em rituais e cultos. Além de dar sabor, ele serve para a conservação dos alimentos. Jesus se refere ao sal para ilustrar essa dupla função: o sabor e a conservação. Quando somos sal no mundo, damos um novo sabor à todas as esferas da vida e conservamos nossa fé, apesar de todas as provações.
Com o sal acontece algo tão bonito: ele se dilui, se transforma, para “cumprir sua missão”. Se o sal não for usado, o alimento fica sem gosto. O sal nos ensina: quando testemunhamos nossa fé e cumprimos nossa missão, como batizados, e não nos colocamos em destaque, as pessoas sentem e percebem o efeito de nossas boas obras.
O Papa Francisco faz uma aplicação que vai ao encontro desta realidade!
“Jesus nos olha com os olhos de Deus e sua afirmação entende-se como consequência das bem-aventuranças, como quem diz: se fordes pobres em espírito, mansos, puros de coração, misericordiosos, sereis o sal da terra e a luz do mundo! […] Todos nós, batizados, somos discípulos-missionários e chamados a nos tornarmos no mundo um Evangelho vivo: com uma vida santa daremos ‘sabor’ aos diferentes ambientes e os defenderemos da corrupção, como faz o sal; e levaremos a luz de Cristo com o testemunho de uma caridade genuína. Mas se os cristãos perdem o sabor e se apagam, a sua presença perde a eficácia. É, pois, muito bela a missão do cristão no mundo, ser sal e ser luz. Como quereis viver? Como lâmpadas apagadas ou como lâmpadas acesas? Ser lâmpada acesa é a vocação do cristão”.[1]
Entendemos nosso papel, como cristãos, de “dar sabor” à nossa vida diária e iluminar o caminho de tantas outras pessoas. Ser sal e luz é um símbolo de nossa missão neste mundo, como leigos! Ela nos aponta a importância do nosso testemunho.
Papa São João Paulo II escreve na Exortação Apostólica “Vocação e Missão dos leigos na Igreja e no mundo”(1988):
“Quando o leigo está convicto de sua missão, irradia a presença de Cristo, consegue unir a fé à coerência de vida, ou seja, ele testemunha sua fé no trabalho, nas dificuldades, transmitindo esperança aos irmãos, assim, os leigos podem atingir o coração de seus familiares, vizinhos e amigos…”[2]
- Padre Kentenich dá um exemplo da falta de coerência entre fé e vida (1937).
“Uma senhora, mãe de família, gosta de ir diariamente à igreja, mas justamente na hora em que o esposo sai para o trabalho e as crianças se aprontam para a escola. Então, naturalmente, há grande confusão em casa. Um dos pequenos não quer levantar-se, dois outros brigam, um se queima ao servir o café, o menor chora no berço e o esposo vai para o trabalho, irritado, aborrecido e sem café. Enquanto isso, a mãe está rezando na igreja!”[3]
Como é importante a coerência de vida! Quando irradiamos a presença de Jesus no trabalho, nas dificuldades e esperanças do dia a dia, podemos atingir o coração de muitas pessoas. Que nosso testemunho seja tão atraente e convincente que as pessoas tenham vontade de viver como nós!
A nossa atuação generosa nesses diversos setores, ou seja, nosso esforço pela coerência de vida pode ser oferecido como contribuição ao Capital de Graças. A Mãe e Rainha, no Santuário, reverte em bênçãos para inúmeras pessoas, que às vezes, nem conhecemos e que a ela recorrem em suas aflições e súplicas.
Além do nosso testemunho coerente e das ações evangelizadoras (na Campanha da Mãe Peregrina, Pastorais, obras sociais) é importante que espiritualizemos com a oração e a leitura da Palavra tudo o que fazemos. Assim nossa vida de oração fecunda nossa atuação laical.
“Nós sabemos que vivemos na hora do leigo. […]
Somos convidados a oferecer à Igreja o caráter exemplar para o leigo.”[4]
Ser sal da terra e luz do mundo é estar consciente da importância do nosso testemunho coerente, como cristãos. O Pe. Kentenich, por meio da espiritualidade de Schoenstatt, nos ensina a trilhar esse caminho de santificação do mundo, como leigos.
Para nos ajudar neste caminho de santificação, o Pe. Kentenich convidou a Mãe de Deus para se estabelecer no Santuário de Schoenstatt. Nele, Maria atua como Mãe e Educadora e distribui as graças de que precisamos para realizarmos esta missão. Ela nos acompanha em todos os momentos de nossa vida. A obra é dela! Queremos formar a nova terra mariana em profunda união com ela. Somos seus pequenos instrumentos nesta grandiosa missão!
Fonte: Roteiro de Encontros 2018 – Sal da terra e luz do mundo, para uma nova terra mariana
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[1] FRANCISCO. Domingo, 9 de fevereiro de 2014, 11h55.
[2] Cf. JOÃO PAULO II, Vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo, nº 28.
[3] NAILIS, Anette. Santidade de todos os dias.
[4] KENTENICH, José. Brasilienterziat, 1 (1952), p. 173.
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