O mês de outubro é dedicado especialmente ao Rosário. O Pe. José Kentenich nos ensina a importância da oração diária para as famílias. Confira:
Minhas queridas Famílias de Schoenstatt!
Posso imaginar que nós, como católicos, queríamos justamente neste mês de outubro, transformar o rosário em nossa oração predileta. Será que foram estes os motivos que os impulsionaram a expressar este desejo? Aceitando agora este convite, gostaria de conduzi-los um pouco mais adiante.
Começamos a escolher esta nossa capelinha como centro de todo nosso viver e amar. Gostaríamos, com tudo o que somos e pensamos, de viver ao redor do santuário. Este deve tornar-se – não sei como me expressar – o nosso Santuário de Família. Deve tornar-se a Capital do Reino que a Mãe de Deus deseja fundar. Agora me vem à mente que, poderíamos usar também o rosário para vincular-nos, sempre mais profunda e intimamente ao santuário.
Gostaria de usar duas expressões em forma de perguntas: não deveríamos escolher, simplesmente, o rosário para ser o nosso breviário de família? Em segundo lugar pergunto: o rosário não deveria tornar-se, futuramente, a nossa armadura de família? (…)
Valeria a pena formular a seguinte pergunta: não deveríamos esforçar-nos para ser uma família religiosa e introduzir certo tipo de breviário? Certamente os senhores rezam o rosário, não é? Em casa já é a nossa oração familiar. Mas, de repente, ganha um novo sentido, um novo tom e um novo conteúdo. Por isso, o rosário será o nosso breviário de família! Pelo fato de sermos uma família de Schoenstatt, assumimos, em certo sentido – não sob pecado – a obrigação: nenhum dia sem rosário, o breviário de família (…)
Vejam: temos agora o rosário como novo meio de acalmar a situação. Eis o rosário, meu breviário (…). Apresento-lhes um motivo que me inspira a sugerir o rosário como breviário de família. Mas ainda tenho um segundo motivo. Para entenderem este segundo motivo, preciso retornar um pouco à história.
(…) Se entendermos de modo correto a ideia de Santuário, podemos imaginá-lo como um Castelo de Maria. Esta expressão tem ares da Idade Média, mas o Castelo de Maria deve ser protegido. Como deve ser protegido? Pode ser por meio de muralhas, pode ser por meio de trincheiras e por trincheiras com guardas: primeira trincheira, segunda trincheira, terceira trincheira… Muitos guardas circundam o castelo, circundam o Santuário. O bonito é que esta corrente foi gerada na Alemanha, exatamente no momento em que o Nacional-socialismo subiu ao poder. Os guardas eram, em primeiro plano, as nossas Irmãs de Maria que circundaram o Santuário. Foi o primeiro posto de guardas ou a primeira fileira de guardas.
Mais tarde apareceu a ideia do guarda de honra entre os postos de guarda. A linha de guardas foi sempre mais estendida. Existia a seguir, como foi no caso do Brasil, não apenas um Santuário Central e sim, uma série de minis santuários que se formaram nas diversas paróquias como pequenos reflexos do Santuário Central. De que se tratava? Tratava-se da proteção, da guarda dos Castelos de Maria. Precisam ter clareza sobre esta realidade! De que modo se realizou esta guarda? Criaram-se comunidades de guarda! Não apenas sociedades civis de guarda e proteção, como normalmente são conhecidas. Não! Tratava-se de algo quase ‘militar’ com a primeira e a segunda linha de guardas etc. Historicamente, a primeira linha era formada pelas Irmãs de Maria e a segunda linha pelas paróquias. Houve, ainda, em algum outro país, uma terceira formação, uma terceira linha de guardas formada por nossas famílias! Estas se consideravam como trincheiras avançadas de guardas para proteger o Castelo de Maria.
Vejam bem, por sermos guardas do santuário, isto é, do Castelo de Maria, temos necessidade de algum exercício em comum. De que modo montamos guarda? De fato, é algo bem simples: em casa todos temos um Cantinho de Schoenstatt, aí nos reunimos diariamente e montamos guarda, somos sentinelas de guarda. Quantas horas por dia? Não precisam ser horas, basta rezarmos o terço.
Quanto mais estivermos rezando em nosso Cantinho de Schoenstatt, tanto mais teremos contato e vinculação espiritual com o Santuário daqui. Vejam: assim também temos algo muito original e belo, quando agora digo: o rosário é o meu breviário de família, mediante o qual eu cumpro, com toda a minha família, a tarefa de guarda do Castelo de Maria.
Sabem que para mim, pessoalmente, seria uma grande alegria, se pudéssemos nos reunir sempre mais em espírito de família: família ao lado de família. Sempre de novo me vem esta ideia. Não seria interessante analisarmos esta questão?
Concluímos, finalmente: o rosário – nosso breviário – e ponto final! Se estiverem de acordo, com prazer explicarei coisas bonitas sobre este breviário de família. Suponho que tenham dito ‘sim’! Então começarei a interpretar lhes o rosário como breviário de família, de modo que se ajuste ao nosso modo de ser, de matrimônio e família, de uma forma original e atraente. Por este motivo acabei de dizer que o rosário deveria tornar-se a nossa armadura familiar, também. Permitam que eu procure tornar mais claro este termo. O rosário é nossa armadura de batalha, sim, realmente a nossa armadura de batalha e de luta.
Agora quero antecipar algo, a fim de poderem entender melhor e perguntar: como o rosário pode ser para nós, uma armadura para as batalhas contra todas as dificuldades e vicissitudes da vida moderna? Vejam, o Castelo de Maria que foi construído em nosso meio não é um produto da Idade Média. Não! É um produto dos nossos dias. Precisamos das armas que aqui se produzem para vencermos os inimigos atuais: o Bolchevismo ou o Materialismo ou qualquer outro inimigo deste gênero…
Ainda mais se eu for pai ou mãe! Penso agora de novo que seria algo muito bonito, este assunto com as famílias. Aos poucos estamos entrelaçados, afetivamente, porque todos temos interesses comuns com os nossos filhos. Também a Mãe de Deus tem interesse por nossos pequeninos! Por isso sempre trazemos para estas reuniões um ou outro dos filhos. Nós mesmos temos também interesses nesta linha: é o amor a eles que nos impele para unirmo-nos sempre mais. Vejam; por isso a pergunta preocupante: o que fazer para proteger a família contra os perigos modernos, a fim de não sucumbirmos, especialmente os nossos filhos, diante das dificuldades?
O que eu queria dizer-lhes? Queria dizer que o rosário é, de fato, uma armadura de batalha. A armadura de batalha, é o equipamento e a preparação para eventos ‘bélicos’
(…) Para nós o rosário é a grande armadura para as batalhas espirituais. Muitas vezes dizemos: a barra é pesada e como será no futuro? Pensando de novo no Bolchevismo que sempre mais se torna um perigo mundial, precisamos de armas eficazes para nos defender. Quais serão estas armas e qual será a armadura de defesa? Agora sabemo-lo: é o rosário!
*Palestra do Pe. José Kentenich Palestra sobre o rosário para as famílias, outubro de 1953, Santuário de Madson – EUA