Trechos da Conferência do Pe. José Kentenich à Família de Schoenstatt da Diocese de Münster
13 de fevereiro de 1966
Pelo santo Batismo, assim nos dizem os teólogos, participamos, sem exceção, todos juntos e segundo o ser, da vida de Jesus, tanto da paixão como da vida transfigurada de Jesus. Portanto, participamos da paixão de Jesus. E Jesus deseja, no decorrer da história, continuar a sofrer. Ele quer viver mais uma vez em nós, seus membros, sua vida sofredora. Penso em meu sofrimento, penso no sofrimento de meus filhos, dos meus pais, dos meus entes queridos – atrás de tudo vemos: Jesus quer sofrer mais uma vez. (…)
Cada Santa Missa tem a finalidade de renovar e aprofundar esta participação na paixão, mas também na vida transfigurada de Jesus. Por isso, a Santa Missa deveria – como sempre ensinamos na Família, como sempre esforço-me por fazer – deveria ser pura e simplesmente o ponto central, o ponto do encontro, o ponto alto e o ponto de partida de toda a nossa vida prática, do nosso dia a dia.
É verdade, nós, especialmente nós, mais velhos, que aprendemos de nossos pais, de nossos avós, sabemos que, na Santa Missa Jesus mais uma vez desce do céu ao altar para aqui tornar presente sua paixão.
Todas as vezes que comungais, todas as vezes que participais da Santa Missa, portanto, todas as vezes que estais presente quando o sacrifício da cruz se realiza sobre o altar, tantas vezes deveis também anunciar a morte do Senhor (cf 1 Cor 11,26).
O que significa “anunciar a morte do Senhor”?
Significa duas coisas: primeiro, durante a Santa Missa recordamos a paixão e morte de Jesus. Porém, anunciar a morte do Senhor significa também – Ele quer unir-se a nós – unir-nos ao Crucificado. Devemos, durante a Santa Missa e através da Santa Missa, sentir-nos estimulados agora a subir com Ele novamente até a cruz e como Ele deixar-nos crucificar. E Ele quer, mais uma vez, tornar a viver em nós toda a sua vida de sofrimentos. Portanto, todas as vezes que participamos da Santa Missa devemos esforçar-nos por subir com Ele até a cruz.
Mas São Paulo quer gravar em nós uma outra expressão, que tem um significado especial em seu vocabulário: Morro todos os dias (1 Cor 15,31). Aplicando à nossa situação, devemos, nós, que queremos ser dedicados de modo especial, nós que para a glória do Pai queremos assumir Jesus em nós, queremos também morrer todos os dias. Ele deve viver em nós, Ele deve sofrer em nós. É evidente, na prática isso quer dizer: na Santa Missa subimos até o alto da cruz, não para, logo após a Santa Missa, dela descer. “Morro todo os dias”. Dia após dia, faço com que Jesus durante as vinte e quatro horas viva novamente em mim sua vida de cruz.
Queremos escolher novamente o Cordeiro, o Cordeiro de Deus; queremos procurar nos desposar com Ele, unir-nos a Ele; que estejamos convencidos do que São Paulo nos diz: “Não mais eu vivo, é Cristo que vive em mim.” (Gal 2,20). Cristo sofre em mim, Cristo morre em mim, dia após dia.