Hoje recordamos a volta do Pe. Kentenich de Dachau
Por: Ir. M. Margarete Gonçalves e Ir. M. Ana Paula Ramos Hyppólito
Hoje recordamos, como Família de Schoenstatt, a volta do Pe. Kentenich, nosso Pai e Fundador, do Campo de Concentração de Dachau. É um acontecimento que parece estar bem distante de nós, porém seu conteúdo, os ensinamentos que podemos aproveitar para nossa vida prática são bastante atuais e nunca se esgotam.
Quando nosso Pai e Fundador foi para o campo de concentração, levou, especialmente, um propósito. Ele, ao sair do campo, queria levar sua alma tão intacta de todas as influências degradantes, como a trouxe ao entrar.
A partir desta frase, podemos perceber que o Fundador de Schoenstatt tinha uma esperança quase convicta de sair do campo, mesmo disposto a dar sua vida ali, se Deus o quisesse. Mas a essência deste propósito está em sua atitude fundamental: quero conservar meus valores, meus princípios, minha vida espiritual, assim como a tenho agora.
Filiação divina
O que o ajudou a alcançar esta meta? Foi a fé viva na realidade do mundo sobrenatural, da filiação divina tão real para ele: Deus habita em mim, da mesma forma que habita o céu, onde tem o seu trono. Sim, meu coração é uma parte do céu, lugar da radiante presença de Deus (Cf. Rumo ao céu, nº 65).
Exteriormente, o Padre Kentenich estava em Dachau, exposto a muitas indignidades, a situações degradantes. Porém, interiormente, ele estava em outro lugar; interiormente, estava sempre no céu com seu coração, seus olhos estavam fixos em Deus e nos valores da eternidade: fonte de toda a dignidade. E isto o preservou das tendências niveladoras do campo. Isto fez com que ele tivesse uma irradiação e influência positiva sobre os demais. Mais tarde, um companheiro[1] de prisão conta:
“Sempre que me encontrava com o Padre Kentenich, eu pensava: esta é a primeira pessoa que encontraste em tua vida… Por causa dele, para mim, Dachau valeu a pena!”
Poderia ser isso um impulso também para nós? Cada um de nós, como imagem e semelhança de Deus pelo batismo, é mais precioso do que tudo o que existe neste mundo! Nossa dignidade é incalculável, imensurável! Mesmo com nossos limites e defeitos, somos imensamente dignos, temos uma dignidade régia. Nada no mundo pode tirar de nós essa consciência: sou precioso, pois sou filho de Deus!
“A dignidade da pessoa humana é inviolável”.
Justamente em nosso tempo, experimentamos que se desenvolvem muitas coisas que colocam em perigo a dignidade humana. Se pensarmos nos debates sobre a vida…
Abraham Joshua Heschel[2], em vista desses desenvolvimentos, expressa a preocupação de que “a humanidade poderá perecer não por falta de conhecimento, mas poderá perecer por falta de estima.” As pessoas já não sabem à imagem de quem foram criadas, por isso não têm um modelo para se espelhar… Você está consciente da sua dignidade? Que é muito amado e preciso para Deus, pois é seu filho?
Hoje somos bombardeados por notícias, imagens, correntes ideológicas, maneiras de pensar e de viver e até se pode dizer, por uma cultura, tão contrários aos valores cristãos e à dignidade do ser humano.
A volta do Pe. Kentenich de Dachau nos faz refletir sobre como podemos sair vitoriosos dos pequenos “Dachaus” de nossa própria vida, como podemos manter e cultivar nossa dignidade humana e cristã, dando testemunho da nossa fé em todos os lugares por onde andamos, para que tenhamos também influência positiva sobre os outros. Como podemos também cultivar nosso dons e valor individual, mesmo a custa de sacrifícios.
Ser vitorioso em nosso pequeno coração!
Pensemos num jovem cursando a universidade, quantos bombardeios não sofre… Uma pessoa em seu ambiente de trabalho… Cada um de nós em contato com a mídia… A própria situação familiar… São muitas oportunidades para treinarmos nosso olhar sobrenatural, para vivermos da fé, vivermos com os pés na terra, mas o olhar e o coração em Deus, atentos aos seus acenos, ao que Ele quer e pede de nós a cada instante, como nos educa por meio de pequenas coisas e como deseja ser vitorioso em nosso pequeno coração!
Deus e a Mãe de Deus, o próprio Pe. Kentenich e os santos são nossos modelos, nossos espelhos. Eles nos ajudam a viver nossa dignidade, a amarmos nossa identidade pessoal e a colocar-nos a serviço dos mais próximos, com toda a alma, com todo o nosso ser. Hoje, tiremos um tempinho para conversar com o Pe. Kentenich e peçamos sua ajuda para vivermos em Deus, conscientes da realidade de que somos seus filhos e assim, sair sempre vitoriosos dos nossos combates diários.
[1] Capelão Dresbach.
[2] Abraham Joshua Heschel, * 11.1.1907 em Varsóvia † 23.12.1972 em Nova Iorque, era um rabino, escriba judeu e filósofo religioso de origem polonesa.