DESPRENDER-SE DAS ANTIPATIAS – Em uma conversa não se trata apenas de trocar verdades “objetivas”. As verdades são sempre captadas de um ponto de vista subjetivo e respondem ao contexto de vivências da pessoa. Custa-se chegar à “verdade objetiva”. Custa, duplamente, porque nas opiniões e pontos de vista, pesam enormemente os afetos e o subconsciente da pessoa. Isto, com respeito ao que se diz, como também com respeito ao que se escuta. Muitas vezes acontece que se escuta o que se quer e não o que a outra pessoa disse. Afetos e preconceitos pessoais fazem com que se escute só uma parte do que se afirmou e que, inclusive, se capte algo inteiramente diferente que o outro nunca afirmou.
Temos que nos desprender de preconceitos. Se o outro não me agrada, existe uma predisposição em não encontrar razão no que ele diz. Espontaneamente, um já está disposto a “levar a mal”, inclusive as coisas mais inocentes.
Em uma conversa, não só existem argumentos que se enfrentam, existem pessoas por detrás destes argumentos; pessoas com sensibilidades diferentes, que talvez se feriram em alguma ocasião e esta ferida, aparentemente curada, está ainda viva no subconsciente. Às vezes, simplesmente se projeta no interlocutor a imagem de outra pessoa que me é antipática porque, inconscientemente, se assemelha a ela: fazemos uma projeção psicológica.
Por isso, para dialogar, é necessário um profundo conhecimento de si mesmo, uma autocrítica que nos leva a examinar a raiz de nossas reações “instintivas”, de nossos preconceitos e antipatias que normalmente bloqueiam o intercâmbio e o fazem infecundo.
EVITAR DISCUSSÕES SEM SENTIDOS – Perdemos, às vezes, um tempo precioso em discutir coisas sem importância, simplesmente porque queremos ter razão, ter a última palavra e vencer. Para quê? Não podemos suportar a perda, silenciar, deixar que o outro vença ou mantenha sua própria opinião? Deve-se saber separar o acidental e o realmente importante e essencial; deve-se saber ceder em coisas fundamentadas apenas no gosto pessoal e no próprio ponto de vista, “sobre gosto não se discute”. Por isso, não tratemos de vencer a todo custo com a nossa opinião. É expressão de grande liberdade interior quando deixamos que a outra pessoa tenha a última palavra e “vença”.
VALORIZAR E RECONHECER A VERDADE DO OUTRO – Isto está muito relacionado com o que vimos anteriormente, em particular com o respeito.
Só queremos acentuar aqui o seguinte: Para que uma troca seja fecunda, é necessário ir além das palavras, deve-se tratar de conhecer o outro, captar suas intenções. Receber as palavras de quem fala comigo, implica receber a ele mesmo. Por isso, é necessário para o verdadeiro diálogo, predispor-se positivamente em relação à outra pessoa. E se o outro, por um ou outro motivo, não me é simpático, devo aprender a encontrar o acesso a sua pessoa, até conseguir que este sentimento subjetivo não me incomode mais, porque é meu irmão, um filho de Maria, alguém que o Senhor colocou em meu caminho.
Para chegar a conversar fecundamente, como foi dito acima, precisamos esvaziar-nos a nós mesmos e abrirmo-nos ao tu. Recebê-lo e aceitá-lo como pessoa. Isto levará a querer descobrir sua verdade e querer enriquecer-se com ela. Esta verdade me completa, me mostra outros pontos de vista, me ajuda a crescer. E, a minha verdade, também saberei comunicar, de acordo com a realidade da outra pessoa, quer dizer, adaptando-me a sua perspectiva de interesses e a sua receptividade.
Nossas conversas pessoais e intercâmbios serão, deste modo, veículos de um encontro profundo, de autêntica comunhão. Então se poderá cumprir a promessa do Senhor: “Quando dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”. Ele não está no nosso meio quando o afastamos por palavras ofensivas, pela intransigência, por silenciar demais ou falar demais. Ele está no nosso meio quando nos abrimos uns aos outros no respeito, quando existe verdadeiro amor fraterno em nossas palavras.
Texto baseado em Caderno de formação N° 3 “O homem novo, um homem comunitário”.
Vejo que o texto reforça a importância e necessidade de estar atento ao meu interlocutor para não ir além do que ouvi e vi, colocando no final da fala um ponto final.
Evitar expressar opiniões qdo não nos é solicitada, aceitando a opinião do outro qdo o que nos apresenta não está contra os princípios cristãos.
Toda correção deve ser feita na mais perfeita caridade, vendo o outro como um filho amado do Pai.